Bourbon, Catuaí, Mundo Novo: variedades do Arábica e seus sabores

Você já se perguntou por que, mesmo escolhendo sempre um café 100% Arábica, o sabor pode variar tanto de uma xícara para outra?

Essa é uma dúvida comum e a resposta está na diversidade genética do próprio grão.

Assim como uvas diferentes produzem vinhos com perfis distintos, os cafés do tipo Arábica também se desdobram em variedades, cada uma com seu perfil sensorial, adaptabilidade ao terroir e particularidades no cultivo.

Essas diferenças vão muito além do nome na embalagem: elas moldam o aroma, a doçura, o corpo e a acidez da bebida. 

Neste artigo, vamos apresentar as principais variedades do Arábica cultivadas no Brasil,  como Bourbon, Catuaí e Mundo Novo, para te ajudar a entender suas características, diferenças e descobrir qual grão combina mais com o seu paladar.

Por que existem diferentes variedades de Arábica?

As variedades do Arábica surgem principalmente por meio de cruzamentos genéticos naturais ou induzidos com o objetivo de melhorar características como produtividade, resistência a pragas e qualidade sensorial da bebida.

Segundo a Fundação Procafé (Manual de Identificação de Cultivares de Café), essas diferentes cultivares também possibilitam que os grãos expressem melhor suas qualidades em diferentes terroirs, combinação de solo, clima e altitude impactando diretamente o perfil sensorial do café.

Além disso, a Embrapa destaca que a origem dos cafés, ligada ao seu "endereço", também interfere diretamente na qualidade da bebida, reforçando o papel das variedades e das regiões na diferenciação sensorial.

Portanto, a variedade é resultado tanto de melhoramento genético quanto de adaptação ao ambiente, moldando o sabor, corpo e acidez da bebida que chega à sua xícara.

Quais são as principais variedades do Arábica no Brasil?

O Brasil é um verdadeiro celeiro de variedades de Arábica. 

E entre as mais conhecidas e cultivadas estão o Bourbon, o Catuaí e o Mundo Novo. 

Cada uma delas expressa sua identidade desde a lavoura até o momento do preparo, e isso se traduz diretamente na experiência sensorial da xícara.

Mundo Novo: intensidade em cada gole

O Mundo Novo surgiu do cruzamento natural entre Bourbon e Typica, descoberto no interior de São Paulo na década de 1940. 

Com o tempo, se tornou uma das principais variedades do país, especialmente pela robustez e produtividade.

É bastante resistente a doenças e adapta-se bem a diferentes altitudes, o que o torna uma escolha segura para produtores em diversas regiões.

Essa variedade entrega cafés encorpados, com acidez baixa a média e notas que variam entre chocolate amargo, nozes e especiarias. 

É uma escolha comum em blends para espresso por garantir estrutura e persistência na xícara.

O Mundo Novo costuma brilhar em torras médias a escuras, mas pode surpreender também em torras mais claras, revelando camadas menos óbvias do seu perfil.

Catuaí: presença em todo o país

Criado no Brasil a partir do cruzamento entre Mundo Novo e Caturra, o Catuaí é uma das variedades mais cultivadas no país. 

Sua grande vantagem está na produtividade e na facilidade de colheita, por conta de seu porte baixo.

Pode ser encontrado em praticamente todas as regiões produtoras de café e apresenta uma boa resposta a diferentes altitudes e condições climáticas.

Sensorialmente, o Catuaí é equilibrado, com corpo médio, notas doces e acidez moderada. Isso faz do Catuaí uma escolha versátil, seja como protagonista em cafés de origem única ou como peça-chave em blends bem equilibrados.

Ele se adapta bem a diferentes processos de pós-colheita, como o natural, o cereja descascado e o fermentado, permitindo ao produtor explorar nuances específicas.

Bourbon: doçura, tradição e elegância na xícara

O Bourbon é uma das variedades mais antigas e tradicionais do mundo do café. De origem africana, ele chegou ao Brasil no século XIX e se adaptou bem a regiões de altitude elevada, como o Sul de Minas e a Mogiana.

Embora não seja tão produtivo quanto outras variedades, o Bourbon é valorizado pela qualidade sensorial que oferece. 

Hoje, é comum encontrá-lo em fazendas voltadas à produção de cafés especiais.

O Bourbon se destaca pela doçura natural, corpo aveludado e acidez equilibrada. As notas mais comuns incluem chocolate, caramelo e frutas amarelas.

É uma variedade que se comporta bem em torras médias e combina com métodos como V60, prensa francesa ou até espresso, dependendo do perfil de torra.

Como escolher sua variedade favorita?

Tudo depende do seu paladar e do tipo de experiência que você busca. Se prefere cafés mais doces e delicados, comece com Bourbon. 

Se quer algo mais equilibrado, vá de Catuaí. Para intensidade e corpo, experimente o Mundo Novo.

Vale também explorar diferentes torras e métodos de preparo, afinal de contas,  isso influencia tanto quanto a variedade na bebida final.

Dúvidas frequentes sobre variedades do Arábica

Quais são as variedades de Arábica mais cultivadas no Brasil?

As principais variedades são Catuaí, Mundo Novo e Bourbon. Elas se destacam pela adaptação ao clima brasileiro, produtividade e potencial sensorial.

Qual variedade de Arábica é mais adocicada?

O Bourbon é tradicionalmente conhecido por sua doçura natural, com notas de caramelo e frutas maduras.

As variedades influenciam no tipo de método de preparo ideal?

Sim. Variedades com acidez mais presente e notas aromáticas delicadas, como o Bourbon, combinam bem com métodos filtrados. Já variedades encorpadas como o Mundo Novo são ótimas para espresso.

Existe diferença de cafeína entre as variedades?

Sim, mas as variações dentro do Arábica são mais sutis do que entre Arábica e Robusta. Ainda assim, algumas variedades tendem a apresentar teores ligeiramente mais altos ou baixos.

Qual variedade é mais indicada para quem está começando a explorar cafés especiais?

O Catuaí costuma ser uma boa porta de entrada por seu perfil equilibrado e facilidade de preparo.

Todas as variedades do Arábica são consideradas especiais?

Não necessariamente. O que define um café especial vai além da variedade — inclui práticas agrícolas, processamento, torra e avaliação sensorial. Mas algumas variedades têm mais potencial para atingir padrões especiais.

Dá para saber a variedade do café só provando?

Consumidores experientes podem identificar algumas pistas sensoriais, mas a confirmação depende de rastreabilidade e informação no rótulo.

Conclusão

Explorar as variedades do Arábica é uma jornada sensorial que revela a riqueza e a complexidade do café. Cada uma tem suas particularidades, influenciadas por terroir, manejo e intenção do produtor.

Seja você um iniciante ou um coffee lover, vale a pena provar diferentes perfis e descobrir o que mais agrada ao seu paladar.

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